terça-feira, 11 de agosto de 2009

A História de Mim contra Eu !!!



A história de Mim contra Eu!

Era uma vez dois carinhas que não se desgrudavam em momento algum. Eu Mesmo, um cara bem intencionado, esforçado, disposto... e Mim Mesmo, um sujeitinho danado, tinhoso e manipulador. Por motivos congênitos, apesar da discrepância de caráter entre estas duas figuras, eles sempre estavam juntos, literalmente colados. Eles eram siameses.

Duas cabeças diferentes, vontades diferentes, interesses idem, pensamentos antônimos mas apenas um par de pernas e de braços. Que luta! Enquanto Eu, o bonzinho, queria amadurecer, ser útil, honesto e sincero, Mim, por sua vez, só pensava em fazer coisas que satisfizessem seus desejos imediatistas, que por sinal não eram nada nobres. E aí só dava uma perna puxando para um lado, outra para o outro, braços descoordenados se estapeando e nada de acordo. Mim, extremamente manipulador, sempre dava um jeito de enganar Eu, que acabava se enfiando em situações extremamente constrangedoras. Quem observava os dois acabava achando que eram farinha do mesmo saco, afinal, diga-me com quem andas...

Eu já estava cansado desta situação e começou a arquitetar um plano contra Mim. Eu sabia o que e como fazer pra Mim não perceber que Eu estava tramando algo. Eu se esforçou ao máximo para transformar a vida de Mim em um suplício. Tudo que Mim inventava de fazer Eu ia junto mas, na hora H, dava os maiores vexames e queimava o filme de Mim. Mim, então, ficou desesperado e percebeu que não dava mais para levar Eu para acompanhá-lo em suas tramóias. E tomou uma decisão: Vamos nos separar. Mas a separação de Mim e Eu não seria algo simples de acontecer. Teria que ser dividido tudo ao meio... E tem coisa que não dá para dividir, né?!

Mas estava tudo tão dramático para Mim que ele insistiu, insistiu, insistiu e Eu acabou aceitando. E começaram a definir como seria a divisão dos membros e órgãos, quem ficaria com o que. Tudo que era duplo foi mais fácil de dividir, um braço pra cada um, uma perna, pulmão, rim, meio fígado para cada um... Mas e o coração? Quem ficaria com o coração original e quem receberia um novo?

Mim deu o maior escândalo, disse que não aceitaria ter o coração de outra pessoa dentro da sua metade em hipótese alguma, clamava que aquele coração batia forte para realizar todos os desejos que sempre teve. Eu, apesar de receoso quanto ao novo coração, resolveu aceitar. A cirurgia foi feita com sucesso. Como Mim ficou com o coração original, se recuperou muitíssimo mais rápido e, em poucos meses, já estava realizando todas as extravagâncias que sempre sonhara. Eu, por sua vez, demorou muito para se recuperar. Ficou anos de cama, teve que fazer muitas outras cirurgias, tomar remédios, e sofreu muito. Depois de um longo tempo, Eu pode recomeçar sua vida do zero sempre tomando um cuidado redobrado por causa do seu frágil coração.

Anos se passaram e um dia Eu, já bem recuperado, resolveu procurar Mim, que havia desaparecido. E qual não foi sua surpresa ao saber que Mim havia falecido. Ficou atônito e procurou descobrir qual fora o motivo.

Mim morrera do coração, dois anos depois da cirurgia. Tantos foram os abusos que, em uma overdose, o orgão tão saudável que ficara para Mim não suportou.

Eu ficou muito triste mas se sentiu aliviado pois sabia que havia algo tão ruim em Mim que poderia ter levado ambos para o buraco.

Hoje, Eu é casado, muito feliz e realizado... mesmo sendo metade do que era.

by_Maurício Monteiro (Cronista da Bola Radio)

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